Lembrança!

Olhei aquele homem pela última vez. Um homem e um caixão branco. O vidro transparente mostrava a face vivida de muitos anos oscilando em alegrias e tristezas. Confesso de minha fraqueza em não olha-lo a principio, preferia tê-lo na memória como aquele homem atento e de olhos abertos.

- Isac, você não vai vê-lo? Sim, claro!

No fundo, temia ir e perder todas as recordações de momentos felizes para aquela triste e forte lembrança. Não pude evitar. Disfarçava, desviava o olhar e o caminho da sala do santo. Castigava minha fraqueza momentânea com impulsos inconscientes: fraco, vai lá! É sua última recordação.
Eu via minha avó sentimentalmente abalada ao ponto de querer acompanhá-lo e seus netos e filhos conformados com o chamado. Chegada a hora de me despedir, eu o olhei, confesso que tinha face de alegria, de uma criança com mais de 80 anos a dormir contente. Adeus. E às quatro da tarde, de um dia comum e ensolarado, lacraram com cimento seu lugar de descanso eterno.

Foi só uma lembrança!

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