Memória de uma criança godinha

Rapaz, aos que me conhecem fica difícil esconder que a criança era eu, eu devia ter colocado um falso nome, num era? Vamos lá! Sabe aquela criança que mais parecia um filhote de baleia branca perdida no oceano pacífico? Pois é cambada, esse alguém era eu perdido no mar de guri na escola. Lembro-me muito bem do primeiro dia de aula... eu chorei! E a besta daquela professora para conter minha lágrimas, bestialmente dizia: "Fofinho, se você continuar chorando eu vou colocá- lo no quarto da bruxa". Rapaz, aí era que eu caía no choro. Aqui tem uma casa da bruxa?! Que forma mais idiota e tosca de convencer-me de cessar meu choro. Esse foi o primeiro dia na escola e para minha consciência infantil queria que nunca houvesse o segundo. Aquela escola parecia um quartel general ou uma prisão para jovens detentos. Crianças gritavam, choravam, se beliscavam e até se mordiam... E eu chorava! Aquelas filas de cadeiras e o quadro negro, só me diziam uma coisa: eu quero minha mãe! Ficava ancioso a espera do toque de soltura, literalemente, aquele sino estridente da 11 horas da manhã, era a corneta dos anjos. Ah, que alívio, liberdade de novo! Toda manhã era a mesma peleja, inventava uma dor de cabeça, pontadas na barriga, diarréia, má digestão, furúnculo... Enfim, tudo quanto era doença para convencer minha mãe de não me mandar naquela escola. Não tinha jeito, eu acabava nos pratos, e chegava na escola com os olhos esbugalados de tanto choro. Na hora da despedida era aquele lamento todo: mãe pelo amor de deus, nosso senhor e nossa senhora, não me deixe aqui, eu vou morrêêêêr! Foi assim o ano inteiro, já me conheciam como o gordinho chorão. O filhinho da mamãe, ah, vão catar coquinho numa plantação de milho! O ano letivo acabara e eu convenci minha mãe que me transferisse para outra escola, talvez mudando eu pudesse mudar meu comportamento repulsivo escolar. Rapaz, minha mãe concordou e no ano seguinte estava vivendo a mesma rotina, porém desta vez parecia que minhas conclusões estavam certas e eu acabei me acostumando e ao invés de chorar para não ir a escola, chorava para estar lá. hehe

Foi boa, ó!
Valeu Cambada!

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