A todos

Hoje acordei
Com as mesmas dores
Dores de outrora
Dores de agora
E dores de amanhã.

Percebi que o enfermo da carne
Crua, nua e arranhada
Doía imensamente;
Porém compreendi
A urgência das coisas e dores.

Depois da ressaca e ais
Pergunto-me se mereço
Manhãs tão belas em momentos adversos
Amigos com asas transparentes
Uma família incodicionalmente, família.

Será preciso sofrer
Para perceber o giro das coisas?
É preciso sentir dor
E perceber que não devo conchilar?
É preciso tudo isso?


DESCULPEM O PESSIMISTO!

Poste

Acordei!
Com a ingênua esperança
De ser apenas um pesadelo.
Um sonho malcriado
Um cochilo apressado.

Um poste, uma queda e dor.
Foi o primeiro a interromper
A ferir-me profundamente.
Quantos postes ainda
Terei de enfrentar?

Ainda mexo as pernas?
Ainda pulsa meu coração?
Sinto dor esmagante;
Choro, arrependo-me
Não durmo mais!

Obrigado minha família pelo apoio incondicional!!!!
Obrigado meus amigos!

Fernando Pessoa e suas pessoas

Texto massa de mais, ó! Tenho de compartilhá-lo, agora!!

Poema em linha reta

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.


E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.


Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...


Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,


Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?


Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?


Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

Fernando Pessoa, O Cara!!

Voz do vento

Talvez o vento sopre
Faça frio e nos acalme
Talvez o vento sopre
Faça frio e nos acorde
Ou no entanto não sopre.

O vento e seus segredos
Conta-me numa tarde dessa?
Revela-me tuas andanças
Faz de mim andarilho
Estradas e caminhos.

Leva pensamentos meus
Os leva a flutuar
Sem culpas e prisões
Grades e muros
Campos e cercas.

Temo e choro,
Quando não me falas...
Nem verdades e mentiras,
Falseios e promessas.
Vento, diz-me...

P.Q.P


Qual das armas nos salvará?
O fuzil apontado pro céu?
Olhar da criança [esperança]...
Lágrimas e acalentos
Da meninice passageira.

A quem caberá a felicidade?
A paz repentina?
Dedos pequenos que
Engatilham lápis e canetas?
Ou fuzis que perfuram corpos?
R o g o as f l o r e s que m o r r e m sem n i n g u é m c o l h ê - l a s