Suicídio poético

Pensei em um suicídio poético
Cortar de vez a veia poética
Com um estilete barato, enferrujado de tétano;
Enforcá-la quem sabe;
Pendurá-la ao pescoço no sobrado da morte.

Assim eu perderia a vida?
Deixaria de escrever e de pensar... De amar!
Palavras são como farpas cortantes
Ora nos ferem, ora nos exaltam
Flechas sem rumos, sem destinos.

Eu poderia explodir
Coagir ideias, fatos, memórias
Pensando bem, meu corpo é coagido
De pontos, costuras que unem...
Uma carne a outra, um pedaço de pele.

Pois se assim é a vida
Que me cala, que me consome, que me consola
Eu vou vivê-la de tropeços e acertos
De grandes amizades ao meu grande amor
De poesia suicida e palavras afiadas.


Inspira-me

Escrevo, pois, ela me inspira
É como esquecer o tempo
Deixar a vida passar como o Chico
Com suas curvas, seus levantes e baixas
Perceber o sol mais intenso e a noite mais clara.

É contigo com quem divido
Tantos sorrisos e poucas lágrimas
Carícias, dores e alentos.
Molho-te as mãos na minha tristeza
Ilumino-te com meu sorriso amarelo.

Ligo-me a ti, desde sempre!
Pois, como o rumo traçado, destino.
Tu me encontraste, meio entristecido.
E de mim arrancou a felicidade
E a vontade de continuar.

E a ti não há presente ou dinheiro
Que equivalha a tua importância
Minha necessidade de tê-la
De compatilhar e compor
Tudo o nós edificamos.