Curta... Linda!

Na TV eu vejo o que os homens dizem
Nos livros um retrato do passado
Na minha poesia
Questionamentos, nostalgia e paixão.
Fecho os olhos para entender
Escrevo o teu nome mil vezes
Fechos e abro os olhos
Anoiteço e amanheço megulhado em você.

Minha linda menina

Bem perto

Quando acordar
Sentir a suadade mansa
Como o vento soprando o ouvido
O som do mar invadindo
Os portões escancarados da alma.

Quero mergulhar
No oceano de mistérios
Àqueles segredos infinitos
Que teu olhar me diz toda tarde
Que tuas mãos aquecem no toque.

Um pedaço de lua
Um pedaço de sol
Ofereço-te divididos
Pois são noites e dias
Sóis e luares
A ficar ao teu lado.

A poesia que escreve teu nome
O som que o prouncia
A lembrança que não cessa
E insiste minuto a minuto
Segundo a segundo
A querer-te por perto.

Minha linda

Não, não chore!

Não chore minha menina!
Digo!
Evite águas rolarem... Despencarem!
Afogarem seus olhos
Na imensidão do teu olhar.

Não baixe a guarda
A flor da manhã há de florir
E o céu azul há de cair
Da terra brotar felicidade.

É inverno nas tuas luas claras
No mar de teus olhos
É seca no chão do quintal
É oração no entrelaçar dos dedos.

Não chore meu amor
Espere o sol se esconder
Bem atrás do infinito
O calor e o suor no teu rosto gelar.

Manda chuva pro sertão, senhora!
Leva-me nas ondas e nos pingos
De volta ao meu lar
Para secar o choro e as lágrimas
Da minha menina que sofre!

O início, o tambor e a vida

Tudo parte do princípio
O início das coisas e dos sons
Das cores e dos sorrisos
De lágrimas contidas
De choros e ladainhas.

O olho que vê
A boca que pronuncia
E ouvidos que se fecham
A notícia do fim
Noticiando clarões
Raios e dias mas iluminados.

Se é o que nos consome
Se é o que nos sentencia
Digo que as forças
Os braços hão de lutar
Até os confins da batalha.

E mesmo que nos calem a boca
Rasquem os escritos, as poesias
Que nos impeçam de pensar e tentar
O coração ainda pulsará vivaz
Na batida do tambor eterno da vida.

Azulejo

O azu-lejo pregado no chão
Pregado na mão... na mente.
Azu-lejo, azul, azulado de céu dominical.
O azu-lejo dos teus olhos
Da tua teia de ideais amores.
Fixado na pele morena
O azu-lejo com teu nome
Em negrito, maísculo e italico!
Todo azul do azu-lejo
Que vejo azuldado.

E tudo mudou...

O rouge virou blush
O pó-de-arroz virou pó-compacto
O brilho virou gloss

O rímel virou máscara incolor
A Lycra virou stretch
Anabela virou plataforma
O corpete virou porta-seios
Que virou sutiã
Que virou lib
Que virou silicone

A peruca virou aplique, interlace, megahair, alongamento
A escova virou chapinha
"Problemas de moça" viraram TPM
Confete virou MM

A crise de nervos virou estresse
A chita virou viscose.
A purpurina virou gliter
A brilhantina virou mousse

Os halteres viraram bomba
A ergométrica virou spinning
A tanga virou fio dental
E o fio dental virou anti-séptico bucal

Ninguém mais vê...

Ping-Pong virou Babaloo
O a-la-carte virou self-service

A tristeza, depressão
O espaguete virou Miojo pronto
A paquera virou pegação
A gafieira virou dança de salão

O que era praça virou shopping
A areia virou ringue
A caneta virou teclado
O long play virou CD

A fita de vídeo é DVD
O CD já é MP3
É um filho onde éramos seis
O álbum de fotos agora é mostrado por email

O namoro agora é virtual
A cantada virou torpedo
E do "não" não se tem medo
O break virou street

O samba, pagode
O carnaval de rua virou Sapucaí
O folclore brasileiro, halloween
O piano agora é teclado, também

O forró de sanfona ficou eletrônico
Fortificante não é mais Biotônico
Bicicleta virou Bis
Polícia e ladrão virou counter strike

Folhetins são novelas de TV
Fauna e flora a desaparecer
Lobato virou Paulo Coelho
Caetano virou um chato

Chico sumiu da FM e TV
Baby se converteu
RPM desapareceu
Elis ressuscitou em Maria Rita?
Gal virou fênix
Raul e Renato,
Cássia e Cazuza,
Lennon e Elvis,
Todos anjos
Agora só tocam lira...

A AIDS virou gripe
A bala antes encontrada agora é perdida
A violência está coisa maldita!

A maconha é calmante
O professor é agora o facilitador
As lições já não importam mais
A guerra superou a paz
E a sociedade ficou incapaz...

... De tudo.

Inclusive de notar essas diferenças.

Luís Fernando Veríssimo - Fernandim!

Incrívelmente incrível... Krái que massa!

Mãe

Mãe eu estou de volta!
Cambaleante ainda de dores
Com a marcha lenta, limitada...
Perdoa-me preocupá-la
Com àquelas noites mal dormidas
Das lágrimas pesadas
Que molhavam teu sereno rosto.
Perdoa-me!
Lembra da minha meninice?
Quando o sopro aliviava arranhões na pele?
Sinto falta do teu soprar nas minhas mazelas.
Lembra-se?
Mãe, ainda dói... Dói!
Dói o meu peito, o meu corpo...
Os meus olhos!
Nessas horas peço colo, ombro, beijos...
Peço o teu carinho de filho ferido
Pela teimosia, pelo asfalto ainda frio, pelas palavras
Que às vezes feriam, perfuravam, magoava.
Mãe, não haveria partir sem o seu último adeus!
Não o seu!

Te amo Dona Maria!!

Dor

Essa dor que insiste em doer
Esse peito manso, porém
Cheio de pressa ritmada
No compasso da avenida central.

Dói a carne já machucada, apedrejada;
Injeto calmante pelos ouvidos nessa manhã
Como morfina e analgésicos,
É em vão, menina, em vão!

É àquela canção devagar que penetra
Ora me acalmando os nervos
Ora me entristecendo...
Só quero o alívio imediato da dor.

Pergunto-me... Sempre!
O que direi a Deus
Aos meus amigos, à família
Quando a calmaria vier?

Ela

É o traço do teu rosto, do teu lábio
Que me traz lembranças, fatos
Àqueles dias, tardes em claro
De folhas caídas na praça.

Por favor, minha menina!
Não faz de mim estação
Àquilo que passa, evapora
Transformando-se apenas em mera rotina.

Lembra daquele beijo
Foi ontem, hoje, quando?
Ele se repete aqui ó!
No pensamento uniforme do meu pensar.

Sabe linda, minha força?
Amarrada na sua!
Sabe o meu pensamento?
Totalmente em você.

Minha linda!