Praça do Cristo

De um pessimismo inconformável
Como se tudo chegasse ao fim surrealmente
Como se o trajeto apenas começasse
Uma batalha que se trava todos os dias
Os dias inteiros e incansavelmente.

Eis então meu destino, sina ou sei lá...
Dores nascidas de movimentos articulares
De um conformismo e de uma marcha lenta
Sempre a três apoios:
Uma inútil, uma artificial e por fim um alicerce.

Será um teste de resistência de bravura
Ou será um teste de fé...
Penso no futuro, o mesmo que já flertei
O mesmo futuro que me consumia
E hoje, mais que nuca, me tira o sono e os sonhos.

Foi um sinal o terço jogado na praça?
Aos pés de meu amor, entristecida, perdida
Assim como eu e os olhos que perderam o brilho
Por alguns instantes... Infinitos instantes!
Estou aqui ainda, de pé, sem o brilho dos olhos, mas de pé.

Telefonema de bom dia

Te liguei hoje cedo
Tão cedo quanto o de costume
Programei o celular, sem erro
Só para ouvir sua voz, ainda rouca
Despertar com você mais um dia.

Respondeu-me assustada
Logo percebi achou que algo, alguma coisa
Havia acontecido para isso;
Preciso ouvi-la, senti-la
De um bom dia sincero, amoroso.

Não precisaria nem que as palavras
Fossem pronunciadas...
Nem uma palavra de amor sequer
Nem mesmo uma poesia linda
Só o teu respirar manso bastaria.

As vezes esquecemos dos pequenos atos
Que podem nos transformar...
Telefonei logo cedo pois precisava
Antes que tudo se agitasse
Dizer que eu amo você.
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Impaciência

Estico a perna... de novo!
A mesma esperança, a mesma possibilidade.
Andar sem a escória, sem o apoio.
Na agonia escrevo para ti
Que é minha esperança e minha possibilidade.
Não quero que pense que estou triste
Nem que meu desabafo a entristeça
São apenas palavras engasgadas
De tardes que não passam
De dias que custam a chegar.
Estou fazendo o que já fiz
Estou repetindo o meu lamento... de novo.
E você a me escutar
A me entender e compreender minha impaciência.

Tuas mãos

Não tuas mãos eu melhoro
Todo vestígio de dor
Qualquer sombra da morte
Se esvai como vento.

Nas tuas mãos estou seguro
Tu és meu porto de abrigo
A minha fortaleza impenetrável
O meu lampejo de esperança.

Te peço, não vá embora
Fica mais um bocado
Um tanto que dure a eternidade
Um pedacinho que não passe nunca.

Nas tuas mãos dispenso os antibióticos
Jogo fora todos os analgésicos
Esqueço das dores da alma e do corpo
E só me resumo em você.

Orientações

Pare, por favor...
Prossiga, continue, não perca a vida
Não morra... Negue, revide, não reaja.
São tantas orientações
Placas que guiam os caminhos
Sóis que nos apontam o horizonte.
O que seguir realmente
Qual voz se guiar
As que nos levam aos pedregulhos
Ou seguir pelo som do mar?
Qual a cruz carregar?
Qual o fardo a sustentar com resignação?

Sempre

Tens um pedacinho de mim...
Um grande pedaço, imensamente grande!
A cada mês, a cada dia, tu me levas algo
E não há volta, nenhuma devolução
Portanto, completamente seu.

O que seria da flor sem seu perfume
De um luar sem estrelas
O que seria das noites sem os namorados
O que seria da pele sem um carinho
Digo, o que seria de mim sem você?

De cada pedacinho que não me devolveu
De cada beijo que me roubou
De cada esperança que plantou
Eu sei, tu sabes, já pertencemos um ao outro
Já somos um, já nos pertencemos.

Podes me roubar quanto beijos desejares
Arrancar-me pedacinho
E guardá-los junto ao teu coração
Não me incomodarei
Desde que, sempre, sempre... Tu sejas sempre minha.

Novo começo

Ser melhores nas adversidades
Melhores do que já somos
Melhores do que já fomos
Um novo começo para um novo fim
De pessoas melhores, amores de verdade.

No limite em tudo...
No tempo que nos cerca
No trânsito incansável... No tráfego frenético
E onde vivemos?
Qual parcela reservamos para simplismente viver?

Viver de amor, de saudade mansa
Viver de poesia
Embrigar-se de família, de amigos...
O que mais importa senão
Importar-se com o que nos torna importantes!

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