Àquele olhar

Busco inspiração no último olhar
Olhares trocados e um beijo concedido
De duas bocas que comprimem
Desejos, anseios e medos.
Dois olhares que se fitam e calam
Quando nem as palavras se pronunciam.

Um beijo por seus pensamentos!
O que pensas agora? Qual o teu medo?
Só um olhar se pronuncia,
O mesmo que me olha
Todos os dias, todas as horas
E me encanta amiúde.

E me encanta, e me encanta repetidas vezes...
Como se me encantasse
Sempre pela primeira vez.

Minha linda...

Assim?

É assim! Tem que ser assim?
Um sim solidificado:
Tem que ser assim, pronto!
Perdoa-me o crime
O crime de pensar na morte
De me entristecer com os fatos;
Com minhas dores;
Com minhas nostalgias,
E a monotonia!

Ausência

Hoje acordei e senti a falta
A ausência do calor do beijo
Do toque de suas mãos.
Das palavras ditas
E as trocas de olhares.
Sentir a saudade que invade,
Alavanca o pontão do peito,
Abrindo-o ao frio noturno.
Sentir a saudade que sussurra
Bem no pé do ouvido
Que diz que grita e clama
Silenciosamente e ensurdecedor.

Pois é, pois é, minha linda. Senti sua falta nesse dia, tanto que me rendeu poesia.

Ser

O espelho que reflete
O ser
Assanhado, maquiado
Desfarçado.
Deixa indagações no ar
Pairando
No ar...
Quem reflete no espelho?
Um ser
Que sabe ser
Apenas um ser?

Mais um minuto

Frações de minutos e
Já se passaram horas!
Como o tempo evapora
A sua leve companhia.
Como o tempo voa!
Estrelas brilharam
Sem pressa e monotonia
Sorrisos riram, logo;
Olhos se viram
E nossos lábios
Tocaram-se poeticamente,
Sob a tenda densa
E estrelada
Do céu de um belo dia.
Instante que passa
Que pisca, faísca e some
Beijo que adormece
Acalma, que brinca!
Pensamentos que flutuam
Que lentamente consomem
Que rapidamente
Envolvem-nos.
Menina, linda, mulher!
Vinte duas horas;
Mais dez minutos.
Nenhum minuto
Nenhum minuto
Nenhum minuto
Longe de você!

Minha linda!

Amor e paixão

Linda, meu peito sente
Quando a vejo de longe.
Bate forte, pulsa, galopa...
Explode em bum!

É amor ou paixão?
Afeto ou distração jovial?
Uma aceleração cardíaca
E uma guerra na cabeça.

Perco as idéias quando cedo
Passo e não a vejo sentada
Sinto o seu perfume
Apenas com a antiga lembrança.

É a mor ou paixão?
Acordo pensando
Durmo a pensar
Vivo a sonhar.

Meu Deus!
Dói o peito com a sua ausência
Angustia-me não vê-la
Não me contenho.

Ora, nem nos falamos ainda.
Foi apenas um cumprimento
Oi, como vai?
E um beijo às pressas.

Amor platônico?
Uma vez ouvi dizer:
Amor impossível
Difícil de acontecer.

Tenho de tomar coragem!
Ela sempre me olha
E sempre nos olhamos
Só as palavras que emudecem.

Preciso de uma roupa nova
Um perfume novo
Ela precisa me notar
E enfim poder dizer.

Menina,
Por ti eu tenho uma queda
Desconheço a significação
Entre amor e paixão.

Mas a olho todo dia
Perco o sono e o sonho
Na simples possibilidade
De você não me aceitar.

O que eu sinto menina,
É amor e paixão.
Tormento e calmaria
Bossa nova e rock’n roll.

Perceptível

Entristece-me vê-la tão triste

Meus olhos vêem, meu coração sente.

As palavras não se pronunciam

Os verbos não entram em ação

Mesmo com a intacta pronunciação

Percebo!

Coisas

Tão fugaz quanto um baque
É assim que a vida se esvai
Um baque,uma cortina de fumaça... E pronto!
O fim está determinado
Como uma ordem de tribunal... Incontestável!

Mereço uma cerveja?
Alguns goles baratos de cachaça,
Para disfarçar a ansiedade aparente
A ânsia de quase morrer
Deixar de respirar, contribuir.

Permaneço aqui esperando, intacto!
Um beijo de namorada
Um beijo de despedida, de adeus
Uma carta perfumada
Ou simplesmente, um abraço largo de mãe.

Palavras que antes curavam
E abriam grandes janelas
Que desbravavam
novos horizontes,
Hoje ferem e perfuram como
Flecha certeira e farpa cortante.

Lembrança

Um dia o tempo apaga
Transmutam os pensamentos
Os substitui;
Sei lá por quais:
Namoro, paqueras, matemática?
Mas o tempo o pedreiro da vida
Constroi muros, paredes, muralhas;
Que nos separam
Que nos mantêm distantes
Distância que dura... Duram
Apenas lguns instantes,
Afinal, não se esquece!
As coisas acontecem por acaso? Elas teem de acontecer mesmo, há algum propósito? Essas foram perguntas das quais torturaram e me deram alguns dias de insônia.