Instante

A vida que morre no instante que nasce
Com o ensejo da ilusão de dias comuns
De minutos sóbrios e sorrisos claros
Como vela acesa que apaga
No derradeiro pingo de cera.

Foi...

Foi entre querer e renunciar que percebi

Que o tanto que dói em querer

É o mesmo tanto que dói em renunciar!

Porém, a dúvida da escolha junto à escolha errada,

Não só dói, mas leva a enfermidade do arrependimento.

O muro

Arames farpados nos dividiu
Fronteiras corporais,
Fuzis, canhões e soldados.
Oriente e ocidente
Esquerda e direita.

Esqueça a tristeza
E as lágrimas choradas
O tempo passou
E o muro nos rachou
Berlim nos partiu.

O que se passa no seu lado?
Como as crianças se vestem?
E as mulheres...
Amam e flertam às escuras?
E os homens... Morrem e matam?

Veja, Berlim nos partiu
O inverno passou
E ele intacto permaneceu,
O muro e seus tijolos
Separando vidas e olhares.

Chegada

Vejo distante a partida
A partilha sentimental,
Desejos e afetos transtornados
Por adeus e despedidas.
Alimento-me do futuro
Da chegada a invadir
O lar e o sertão.

Olhar

Por favor,
Não me olhe assim!
Se não,
Desvio o olhar, disfarço.

Evitei olhá-la
De leve e rapidamente
Não!
Meu coração se engana.

Já não é o mesmo,
Pacato.
Hoje compulsório
Cheio de arritmia.

Eu me engano
Transtorno-me
Iludo-me...
Com seu olhar.

Amiúde

Erros

Errei!
Erraria mais um vez se necessário.
Com a eterna convicção
De os erros tornarem-se acertos.
Aprendendo com os quívocos e tropeços
Tapas na cara e nãos ao vento.

Hoje quando acordei, percebi um aglomerado de formigas vermelhas fazendo fila. Achei que seria a partilha de um grilo morto ou de uma barata. Errei! As formigas dividiam as pétalas da flor que começava a murchar. Aí pensei: somos nada mais que aquela flor, que nasceu, despontou, floreceu e agora, virando alimento a famintas formigas vermelhas. Não será muito diferente de nosso destino extremo, a morte. Adubo e alimento as pequenas criaturas e vermes que Augusto dos Anjos tanto fala e exalta.

"Já o verme - este operário das ruínas -
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!"

Pois é! Caberá ao verme a partilha de nossas "pétalas". Vai se acostumando com a ideia... hehe

Vida

Se a vida fosse um poema

O qual escreveria conforme quisesse

Preferia a lápis, assim poderia apagá-lo

E refaze-lo, mil vezes.

Assim, faria tudo de novo;

Assim, escreveria o seu nome nele.

O apagaria, e escreveria mil vezes.

Com vários fins e começos

Com infinitas possibilidades de ser feliz.

Poderia rimar a vida

Fazer dela uma avenida de pontos sem fim

Faria dela uma metáfora fácil

Um perfume raro que nunca acabaria

Uma flor sem pressa de brotar

Um girassol, frondoso e iluminado.

Teceria nas linhas do poema

Uma teia de aranha

Fio a fio, dia a dia.

Sem grande afã de terminá-la.


Isac/Carlim


Essa poesia eu fiz junto com meu bródi Carlim. O cara não assume, mas ele tem um grande dom para poesia. Já faz um tempo que escrevemos isso e só hoje que a encontrei. Valeu irmão!

Dúvida

Casando de ouvir a mesma ladainha
As mesmas promessas
De dias chuvosos
E amores eternos.

Cansado de ver para crer
Tocar para sentir
Morrer para entender
Se cortar para doer.

Cansado de escrever
De musicar nostalgias
De poetizar mentiras
E de viver nessa eterna...
Dúvida

Versos a sua ausência

Os pensamentos nos aproximaram sempre
Fez-nos livres como pássaros, entretanto...
A distancia separou nossos olhares em prantos
A saudade, embora calada grita em meu ouvido.

- Sei se esvai com o tempo, mas deixando dor.
Ouso o eco dos seus passos na estrada
Mas eles nunca nos uniram.
A sua ausência faz silêncio
Faz frio em tudo o que me aquecia
Deposita lamentações no canto sala
Orações encharcadas de lamúrias.

A noite chega negra, inundada de mistérios.
E eu a relembrar e lembrar
As quimeras que fluem a medida das horas
A desenterrá-las, me sepulto junto às lembranças.

O que fazer com todas as nostalgias?
Enterra-las nos cemitério do inconsciente?
Ou vivê-las a mercê de uma volta
Uma carta perfumada
Um último beijo.

Isac

Valeu Cambada!

O choro dela

Ei, menina...
Guarde suas lágrimas
Não as mereço, nem em sonhos.
Chore, não por mim.
Perco a cabeça
Descontrolo-me
Enlouqueço
Vendo-a, assim, tão só...
Veja, enxugue a face
Retoque a maquiagem.
Engula o choro, pois
Entristece-me vê-la
Assim, tão triste.


Valeu Cambada!

Pessoas

As pessoas e seus anéis caros e raros
As pessoas e seus carros a álcool
As pessoas e suas dúvidas eternas
As pessoas e seus estúpidos cacoetes
As pessoas e as perpétuas mentiras
Elas e nossas hipocrisias.

Perdido

Já não sei quem sou
Perdi-me voltando para casa!
O caminho já traçado mil vezes
E perco-me ao voltar.
Perdoa-me mãe?
Pois, já não sei quem sou...
Que fui e quem serei?
Perdoa-me pai!
O tempo passou
A vida passou
E eu fiquei perdido
No tempo e espaço.

Guerra

Fugir não foi a grande opção...
Permanecer e lutar
Permanecer e sangrar,
Foi o que nos restou.
Tolo encher-se de esperanças
Nostalgias por dias melhores.
As armas de Jorge
Já não me servem mais
O escudo e a espada
Viraram lembranças
Daquilo que jamais cicatrizou.


Valeu Cambada!

Sem pressa

Parte de mim virou saudade
Da partida muito cedo
Do bocejo e a agonia
Do transtorno invadido.

Partes e não voltas...
-Eu sei, menina, eu sei!
O tempo voa, bate asas
Pega carona em ônibus abarrotado.

Responda-me sem pressa.
Sem pressa, pois
A vida apressada e enlouquecida
Embaraça os pensamentos meus.

Quem realmente tu eis?
Sem pressa, por favor.
Sem pressa!

Besteira

Desconfio de ti, garota!
Ora me amas e mais tarde não me queres.
Putis!
O que tu queres de fato de mim?
Um carro importado, um celular de dois ships?
Uma caneta filmadora ou uma bolsa da Barbie rosa?
Vai entender!

Bicho besta da porra!

Descontração

A CANTADA DO ANO

ELE: 40 anos, executivo, senta-se na poltrona do avião
com destino a New York e, maravilha-se, com uma deusa
sentada junto à janela.

Após 15 minutos de vôo ele não se contém:
- É a 1ª vez que vai a New York?
- Não, é uma viagem habitual.
- Trabalha com moda?
- Não, viajo em função de minhas pesquisas.
- Sou sexóloga.
- Suas pesquisas dedicam-se, a quê?
- No momento, pesquiso as características do membro masculino.
- A
hhh... E a que conclusão chegou?
- Que os Índios são os portadores de membros com as dimensões mais avantajadas
e os Árabes são os que permanecem mais tempo no coito. Logo, são eles que proporcionam mais prazer às suas parceiras.

-Desculpe-me Senhor, eu estou aqui falando, mas não sei o seu nome...???
- Muito prazer, Mohammed Pataxó!

Massa, ó! Já ri com essa besteira! hehe

Ei, menina!

Não espere que eu seja sempre forte
Assim, todos os dias.
Entristeço-me amiúde,
Pois também sou fraco!
Como o ferro
Forjado pelo fogo;
Como a carne fria
Cortada pela lâmina afiada.
Não espere sempre sorrisos
E conjecturas a felicidade.
Por favor, menina...
Eu também sou triste!
Sim...
Não espere juras de amor eterno,
Não todos os dias.

Valeu Cambada!

Recém-sobrinha

Nasce uma vida!
Uma pequena vida que pulsa
Em um coração limitado.
Uma criança e sua vitalidade esperançosa
De dias ilumidados
De prazeres e contemplações singulares.
Nasce hoje
Respira a partir de hoje
O ar de dias maravilhosos
Com sua pequena
Presença.

Minha sobrinha, mais uma para iluminar o lar dos pais e dos avós... Mais um para nos tirar o juízo! hehe
Valeu meu irmão Lino!