Calor

Tarde estranha
Um calor que parece Setembro
Que parece sodoma e gomorra
Queimando até as cinzas
Evaporando a última gota de sangue.

Suando as têmporas, a testa
Desce aos olhos e a boca
Como o cortador de cana
O vaqueiro embrenhado na mata
Como o trabalho braçal da morte.

Uma agonia, um desespero
A cabeça em ebulição
As ideias impedidas de funcionar
Parece um vulcão pronto a explodir
E ainda vejo o corpo jogado no chão.

Atônito percebo
Um voto sendo comprado
Uma criança passando fome
Um corpo de cerveja sendo pago na mesa
O calor é apenas distração.

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