Recordo-me agora
Da conversa no final de tarde
Tão pesada quanto uma tonelada
Tão dolorosa quanto a despedida.
Saí, então, com os olhos no chão
Tão vazio quanto o silêncio
Tão perdido quanto bússola quebrada
Vi-me só, sem presença de mim.
Abri o portão...
Não vi teu sorriso, tão pouco um riso
Fui-me despindo e pensando
Espalhei as roupas des-perfumadas de ti
Nesse quarto breu e solitário.
Resolvi banhar o corpo
Abri o chuveiro, água fria,
Chorei camuflando as lágrimas com a queda d'água
Abafei minhas lamúrias com o barulho de chuva
Por um minuto consegui esquecer de você.
Aonde?...
Ando a chamar por ti, demente, alucinada,
Aonde estás, amor? Aonde... aonde... aonde?
O eco ao pé de mim segreda... desgraçada...
E só a voz do eco, irônica, responde!
Estendo os braços meus! Chamo por ti ainda!
O vento, aos meus ouvidos, soluça a murmurar;
Parece a tua voz, a tua voz tão linda
Cantante como um rio banhado de luar.
Eu grito a minha dor, a minha dor intensa!
Esta saudade enorme, esta saudade imensa!
E só a voz do eco à minha voz responde...
Em gritos, a chorar, soluço o nome teu
E grito ao mar, à terra, ao puro azul do céu:
Aonde estás, amor? Aonde... aonde... aonde?...
Florbela Espanca
Aonde estás, amor? Aonde... aonde... aonde?
O eco ao pé de mim segreda... desgraçada...
E só a voz do eco, irônica, responde!
Estendo os braços meus! Chamo por ti ainda!
O vento, aos meus ouvidos, soluça a murmurar;
Parece a tua voz, a tua voz tão linda
Cantante como um rio banhado de luar.
Eu grito a minha dor, a minha dor intensa!
Esta saudade enorme, esta saudade imensa!
E só a voz do eco à minha voz responde...
Em gritos, a chorar, soluço o nome teu
E grito ao mar, à terra, ao puro azul do céu:
Aonde estás, amor? Aonde... aonde... aonde?...
Florbela Espanca
Silentiu
Dediquei
as
melhores
palavras,
o meu melhor verso!
E as tuas
vieram
apenas
com
o meu silêncio.
as
melhores
palavras,
o meu melhor verso!
E as tuas
vieram
apenas
com
o meu silêncio.
Veja
Por muito tempo, longo tempo...
Pensei que o amor fosse
Como a flor no meu quintal
Forte e linda, branda e corada.
Veja agora, minha menina,
Parece perder a cor e o perfume.
Veja agora, de tom empalidecida,
Se esvaindo pétala por pétala.
Pensei que o amor fosse
Como a flor no meu quintal
Forte e linda, branda e corada.
Veja agora, minha menina,
Parece perder a cor e o perfume.
Veja agora, de tom empalidecida,
Se esvaindo pétala por pétala.
Eu
Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada ... a dolorida ...
Sombra de névoa ténue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida! ...
Sou aquela que passa e ninguém vê ...
Sou a que chamam triste sem o ser ...
Sou a que chora sem saber porquê ...
Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou!
Florbela Espanca
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada ... a dolorida ...
Sombra de névoa ténue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida! ...
Sou aquela que passa e ninguém vê ...
Sou a que chamam triste sem o ser ...
Sou a que chora sem saber porquê ...
Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou!
Florbela Espanca
Parafraseando
"Só você para dar a minha vida a direção"
Para dar o tom a escuridão
Para dar a cor a noite de insônias
Para trazer sonho às horas de pesadelo.
Só você, simplesmente você...
Para encantar-me quando o desencanto parece
O único caminho e alternativa.
Para dar o tom a escuridão
Para dar a cor a noite de insônias
Para trazer sonho às horas de pesadelo.
Só você, simplesmente você...
Para encantar-me quando o desencanto parece
O único caminho e alternativa.
Unbreak
Estou partido, quebrado!
Parte de mim virou lembrança
A outra ainda é saudade:
Da tua boca na minha,
Da tua tua respiração ao meu ouvido
De sua voz silenciando o barulho.
Cacos perdidos, mínimos pedaços,
Nos cantos da minha memória,
Nas entrelinhas da poesia.
Até no silêncio dessa noite escura
Sob o céu de estrelas mortas e
Nas palavras gélidas e desconexas proferidas.
Vê? É o som da saudade!
Escuta? São os olhos emudecidos!
Dos passos que sempre escutados
Mas, nunca comemora-se a chegada.
Dos olhos marejados
Sem mãos para conter poucas lágrimas.
Parte de mim virou lembrança
A outra ainda é saudade:
Da tua boca na minha,
Da tua tua respiração ao meu ouvido
De sua voz silenciando o barulho.
Cacos perdidos, mínimos pedaços,
Nos cantos da minha memória,
Nas entrelinhas da poesia.
Até no silêncio dessa noite escura
Sob o céu de estrelas mortas e
Nas palavras gélidas e desconexas proferidas.
Vê? É o som da saudade!
Escuta? São os olhos emudecidos!
Dos passos que sempre escutados
Mas, nunca comemora-se a chegada.
Dos olhos marejados
Sem mãos para conter poucas lágrimas.
?
Você, mansa e sutil, sem jeito
Desconstrói e abala minhas raízes
Como uma estrela caída no quintal
Enfeita e ilumina, ofusca, queima e me enleia.
Deixo-a, então, repousar em meus sonhos
Modificar minha rotina
Perfumar e iluminar meu quarto escuro
Pergunto-me: por quanto tempo?
Entre o que está edificado ou o por construir
Pisar em terra firme ou nos estilhaços de vidro
Estar seguro ou me arriscar no imprevisto?
Entrego-me ou não a paixão do desconhecido?
Me perco?
Olhe-me nos olhos: percebe?
É amor que te pede passagem
É o amor que está se perdendo grão a grão.
Não há culpa, culpados, inquisidores ou leis
Simples e dolorosamente algo se perdendo no tempo.
Congelo tudo o que foi bom!
Aprendo com as lágrimas
Reafirmo sentimentos em novos sorrisos.
O amor e a matemática...
Tão inexata ao ponto de encontrar solução para tudo.
O amor é poesia
Sem regras, sem métrica, sem dono...
São palavras e ações por mim repetidas
Verbos sempre apreciados
Mas, deixados a mover pela força do dias.
É amor que te pede passagem
É o amor que está se perdendo grão a grão.
Não há culpa, culpados, inquisidores ou leis
Simples e dolorosamente algo se perdendo no tempo.
Congelo tudo o que foi bom!
Aprendo com as lágrimas
Reafirmo sentimentos em novos sorrisos.
O amor e a matemática...
Tão inexata ao ponto de encontrar solução para tudo.
O amor é poesia
Sem regras, sem métrica, sem dono...
São palavras e ações por mim repetidas
Verbos sempre apreciados
Mas, deixados a mover pela força do dias.