Amanheceu e permaneci
escurecido
No peito a mesma
esperança perdida
O mesmo tesouro
enferrujado
Um punhado de ouro
ensangüentado
Devaneios e
tolerâncias de um amante enlouquecido.
Não é sequer um
bilhete suicida
Um testamento
rasurado com poesia
É somente o desabafo
De quem se esperou e
perseguiu
O pote de ouro no
final do arco-íris.
Em cada baú uma lembrança
Em cada carta uma
despedida
No guarda-roupa
saudade
Um quarto solitário e
negro...
A cortina de flores
murchas acinzentadas.
Amanheceu e eu anoiteci
Sentido a vontade de
voltar
A ser pasto
Verme e micróbio
Voltar a ser frio e imóvel
como pedra.
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