As crianças brincavam na praça
Os moços flertavam às escuras.
As pipas voavam livres guiadas por cordões
Brinquedos sem culpas amontoavam-se nas calçadas.
- Quisera que fosse real!
O medo rondava os quarteirões
Camuflando-se em doces, pastilhas brancas,
E um sorriso amarelo encantador.
Com gestos puros e um aceno de dor
Um beijo falso marcava as crianças a ferro,
As rotulava com preços de mercado.
Neste dia escuro inebriante
A calmaria tomou conta do fim de tarde.
Os lobos lançaram-se no mundo
Como vampiros famintos à caça.
Trouxeram medo, temores e intolerância.
Embriagaram cada canto, cada porta, cada praça, cada vida.
No mesmo dia a criança fechou os olhos
Mas não os abriu jamais,
Pois, sabia que o mundo que a esperava,
Era hostil de mais para permanecer de olhos abertos.
Isac José
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