Presente ( A Bricce )

O que diriam as estrelas
Se o teu nome mencionasse?
Talvez sorrissem ou intensamente...
Brilhasse semelhante ao brilho
Que emana desses olhos grandes.

Quantos pingos de luzes, quantos segredos.
Quantos olhos que a vêem
Permanecendo intactos de surpresa
Afinal, a beleza que ofusca que envolve
Esconde-se e irradia pelo calor da pele branca.

Olhos encantadores, encantados e iluminados
Que traz emaranhado e confusão
As palavras da poesia
As rimas, verbos e adjetivos;
Que tentam descrevê-la no papel.

Tantos os traços a dizer, a pronunciar
Que desenham teu rosto claro;
Porém, ainda me remeto ao fato,
Ao fato da voz muda das palavras
Que não descrevem a sua beleza.

Bricce...

Perguntei-me qual seria a melhor explicação e a mais pertinente dedicatória. Ora, seria simplesmente fácil apenas dizer: dedico com carinho a Bricce. Gosto da simplicidade das coisas e dos fatos, mas revelo sem erro que essa simplicidade dedicatória não me atrai, afinal, a dedicatória da qual me refiro, necessariamente e obrigatoriamente não seria apenas palavras feitas e decoradas perpetuadas em todos os cartões que acompanham presentes em caixas decoradas com fitas coloridas. Essa deve ser diferente...

Eu queria ter as palavras exatas, talvez as mais belas. Não farei como uma forma de dedicar essas palavras poéticas, mas como uma forma de agradecer todo o apoio nas tardes que voam e diluem-se na sua presença. Bricce, perdão pelas palavras falhas ou desconexas e obrigado por tudo!

Escuridão

A tentar compreender a saudade
A partida muito cedo;
Remeto-me a despedida
O movimento da rua
O vai e vem e o fluxo das coisas.
A saudade que picha as estrelas
Apaga o sol do céu
Trás caos ao vôo dos pássaros
O bater de asas das borboletas
Que pousam no nariz das cidades.

Fim

Quero-a ao meu lado
Mas tu foges sempre;
Aonde tu vais agora?
Aonde será teu novo abrigo
Sua nova casa!
Então o que farei minha linda?
Rompo ligamentos
Desato nós e correntes?
Simplesmente sofro
Simplesmente choro e calo.
E o sonho de outrora
E os planos os cálculos
De dias e domingos juntos...
Será que depositei mais que o devido?
Cobrei demasiadamente?
Perdoa-me as falhas
Os desconcertos,
É o fim!

Gelo

Gela a pele
A pele gelada
A água que pinga
Do pêlo da pele
Do gelo, que gelo
Gélido gelo.

Charles Baudelaire

"É preciso estar sempre embriagado. Eis aí tudo: é a única questão. Para não sentirdes o horrível fardo do Tempo que rompe os vossos ombros e vos inclina para o chão, é preciso embriagar-vos sem trégua.


Mas de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, à vossa maneira. Mas embriagai-vos.


E se, alguma vez, nos degraus de um palácio, sobre a grama verde de um precipício, na solidão morna do vosso quarto, vós acordardes, a embriaguez já diminuída ou desaparecida, perguntai ao vento, à onda, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo que foge, a tudo que geme, a tudo que anda, a tudo que canta, a tudo que fala, perguntai que horas são; e o vento, a onda, a estrela, o pássaro, o relógio, responder-vos-ão: 'É hora de embriagar-vos! Para não serdes os escravos martirizados do Tempo, embriagai-vos: embriagai-vos sem cessar! De vinho, de poesia ou de virtude, à vossa maneira".


Massa ó! Embriagai-vos, embriagaivos-vos... De poesia, de música, de amor, de fé, de amigos, de família...

A voz

Nesses tempos últimos
Onde o medo tem o controle,
A mão dói no ato de escrever,
A língua não se articula
Para dizer as palavras certas.
O corpo inteiro é apertado
Por uma donzela de ferro.
As doenças começam o pânico,
Até que o pânico torne-se doença
O medo se alastra pela velocidade
Pelas armas, pelos riscos, medo
Das coisas que passam velozes
Às vezes um projétil, duma arma de fogo...

Enquanto Profetas e imitadores, aos montes,
Convencem e pregam o ascetismo,
Outros enriquecem do trabalho alheio
Organizam-se em corporações
Mantidos pelo desejo de se manter.
Matam, lucram, Pagam Lucram,
Destroem Lucram, se mostram indiferentes.
E ainda se escondem em pessoas Jurídicas.
As pessoas se cruzam nas ruas, mas não se vêem
Os olhos alheios se olham Até se cegarem.
Ouvem-se os sinos das igrejas
Borboletas batem suas asas
Sopram tufões no mundo
Pássaros voam, Aviões caem do céu,
Ninhos em postes elétricos.
Brotam Flores de metal e arranha-céus
O concreto é enterrado
E crescem árvores sem folhas
Arranhões, marcas, cicatrizes...
As fissuras nas Ficções se fixam nas mentes.
Uma rachadura começa dum ponto e se alastra...
A terra engole a si própria
Tem-se fome, o mundo tem fome,
A fome é autônoma agora,
É o deus do novo mundo
E assume o lugar de tudo.

Wendell Freitas


Esse texto é de meu bródi Wendell. Olha só, vou postar coisa boa no Blog, nos últimos dias tenho só depositado minhas dores... Só enchendo o saco. Eu sou fã desse cara, sem viadagem. Escreve muito! A casa está aberta para seus textos, sempre!!!

Curtam!!

OQ?

O que direi
Depois de tantas dores?
Talvez quem sabe
Eu só...
Emudeça;
Cale!

Desconexo

A carne que dói com o movimento
O tormento da dor e cor
Que escurece as palavras
Que tecem a roupa
Rasgada no asfalto quente.

Segundos de conchilo
Semanas de insônia.
Devo apenas lamentar
Chorar e sorrir?
Querer no tempo retroceder?

Ah, quantas lamurias!
Quantos números
Quantos pontos e costuras;
Pergunto-me sempre
Devo apenas esperar?

As manhãs logo passam
As tardes queimam
Penicam as costas
Eu fico aqui, parado!
Só esperando a dor cessar.

Minha linda!

Um dia a festa termina e recomeça
As pessoas se redescobrem
Morrem e nascem
Acham e perdem-se,
No carlor e mormaço
Desses dias itensos.

Dias passam
Em reduzidos espaços
Dias passam
A anos luzes de seus olhos;
Eu fico me achando
No rastro desse olhar.

Eu fico me perdendo e
Achando-me sempre;
Perdendo e achando!
Perdendo-me no vazios do ócio
Achando-me em seus braços,
Minha linda!