A voz

Nesses tempos últimos
Onde o medo tem o controle,
A mão dói no ato de escrever,
A língua não se articula
Para dizer as palavras certas.
O corpo inteiro é apertado
Por uma donzela de ferro.
As doenças começam o pânico,
Até que o pânico torne-se doença
O medo se alastra pela velocidade
Pelas armas, pelos riscos, medo
Das coisas que passam velozes
Às vezes um projétil, duma arma de fogo...

Enquanto Profetas e imitadores, aos montes,
Convencem e pregam o ascetismo,
Outros enriquecem do trabalho alheio
Organizam-se em corporações
Mantidos pelo desejo de se manter.
Matam, lucram, Pagam Lucram,
Destroem Lucram, se mostram indiferentes.
E ainda se escondem em pessoas Jurídicas.
As pessoas se cruzam nas ruas, mas não se vêem
Os olhos alheios se olham Até se cegarem.
Ouvem-se os sinos das igrejas
Borboletas batem suas asas
Sopram tufões no mundo
Pássaros voam, Aviões caem do céu,
Ninhos em postes elétricos.
Brotam Flores de metal e arranha-céus
O concreto é enterrado
E crescem árvores sem folhas
Arranhões, marcas, cicatrizes...
As fissuras nas Ficções se fixam nas mentes.
Uma rachadura começa dum ponto e se alastra...
A terra engole a si própria
Tem-se fome, o mundo tem fome,
A fome é autônoma agora,
É o deus do novo mundo
E assume o lugar de tudo.

Wendell Freitas


Esse texto é de meu bródi Wendell. Olha só, vou postar coisa boa no Blog, nos últimos dias tenho só depositado minhas dores... Só enchendo o saco. Eu sou fã desse cara, sem viadagem. Escreve muito! A casa está aberta para seus textos, sempre!!!

Curtam!!

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