Espelho

Um momento, moço. Quem é você?
Me virei e a olhei. A olhei...

O silêncio perdurou e só os olhares se viam. Talvez naquele momento as palavras não se encaixassem ou fossem incomodas ou imperfeitas de mais. O triste vazio. Vazio triste. Aparentemente a mesma coisa. Ela me olhou com um triste vazio e se pronunciou com um vazio triste. Queria entender aqueles olhos, não eram de ressaca e nem de uma oblíqua ou dissimulada, era apenas um olhar que se anunciava misterioso. Eu devia entendê-lo ou devia ter virando a cara, disfarçado o olhar, sabe? Já não suportava aquele emudecimento aparente ensurdecedor que me entristecia e me calava. Vamos, diga alguma coisa. Pronuncie, balbucie, grite, fale... Nada! Por um minuto achei perca de tempo estar ali, parado, inerte... Perdendo tempo. Podia naquele momento ter assistido o noticiário ou a novela das 7. Lido algumas páginas do jornal, obituário, por exemplo. E ter refeito as mesmas coisas e movimentos do dia anterior. As mesmas coisas! Acordei daquele minuto ausente em pensamento e já não via a moça na minha frente, mas um refletivo espelho de prata e vidro. A moldura tinha estilo colonial, bem esculpido, parecia antigo e caro. Ora, mas o que o espelho significava? Onde estaria a menina? Eu apenas me via no espelho. Eu e eu! Eu e aqueles olhos vazios e tristes, tristes e vazios.

Esse foi profundo. hehe

Foi boa, ó!
Valeu Cambada!

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